V Reconhecimento Internacional Acampa 2025
Acampa pela paz e o direito a refúgio
Indicações propostas
para el
V Reconhecimento internacional
Este é um reconhecimento anual às entidades ou pessoas que se destacam na defesa dos Direitos Humanos, especialmente nos campos de ação da Acampa: a defesa dos Direitos Humanos, o Direito ao Refúgio e a defesa da Paz e do diálogo como fórmula para a resolução de conflitos. O objetivo é destacar a necessidade de defender os Direitos Humanos, apresentando o trabalho realizado por organizações e indivíduos que são uma referência e um exemplo para a sociedade como um todo. Pretendemos colocar a mídia em evidência a situação de regressão dos Direitos Humanos em todo o mundo e a importância de recuperá-los e defendê-los com a força e a resiliência das organizações e pessoas que recebem este reconhecimento, que será proposto e votado por todas as organizações e pessoas que compõem a Rede Acampa Internacional.
AVÓS DA PRAÇA DE MAIO
(Argentina)
A organização Avós da Praça de Maio leva décadas em uma luta incansável para reconstruir as histórias familiares quebradas, sequestradas e silenciadas pela ditadura argentina, defendendo o direito à identidade, o dever de memória e a reparação. Elas começaram este ano contando ao mundo a melhor das notícias: a recuperação de número 139, neste caso, uma neta que conseguiu reconstruir sua história e conhecer sua família verdadeira, aquela que a ditadura lhe arrebatou. Seu compromisso com a verdade é um exemplo a ser seguido. Seu lenço branco é o símbolo da resiliência, e lá estão elas, ainda na luta, enquanto seu país, mais uma vez, parece se aproximar do abismo e elas voltam a ser questionadas e perseguidas.
As Avós são o melhor exemplo para qualquer ser humano que duvide de sua capacidade individual de mudar o mundo e defender causas justas.
Proposta feita por uma associada particular de Acampa pela Paz, Sofía Reyes.
MÉDICOS E PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE GAZA
Os médicos e profissionais da saúde de Gaza tiveram que salvar vidas sem hospitais, materiais ou medicamentos, trabalhando em tendas, em ambientes devastados onde não restou nenhuma casa. Assassinados, bombardeados continuamente, foram obrigados a realizar cirurgias sem instrumentação adequada, atendendo partos, cesarianas e recém-nascidos nas piores condições imagináveis. Um trabalho incessante e exaustivo que não abandonaram, mesmo sendo alvo prioritário do genocídio que Israel executou em Gaza. Foram detidos por serem suspeitos de estar envolvidos em atividades terroristas, perderam suas famílias, ficaram feridos… e, no entanto, não abandonaram seus pacientes.
Proposta da Associação Cultural Fuco Buxán
MSF (MÉDICOS SEM FRONTEIRAS)
Médicos Sem Fronteiras – MSF é uma organização médica e humanitária internacional que presta assistência a vítimas de desastres naturais ou desastres causados pelo homem e de conflitos armados, sem qualquer discriminação de raça, sexo, religião, filosofia ou política.
A organização recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1999 em reconhecimento aos esforços contínuos de seus membros para fornecer atendimento médico em crises agudas, bem como para aumentar a conscientização internacional sobre possíveis desastres humanitários.
Apesar dos crescentes desafios políticos e operacionais, os Médicos Sem Fronteiras continuam realizando operações de busca e resgate no mar Mediterrâneo central, prestando assistência e atendimento de emergência aos sobreviventes.
Proposta da Anistia Internacional Corunha
AGRUPACIÓN CIUDADANA PELA DESPENALIZAÇÃO DO ABORTO EM EL SALVADOR
A “Agrupación Ciudadana” pela Despenalização do Aborto em El Salvador foi fundada em 2009, com o objetivo de promover a conscientização cidadã para mudar a legislação existente sobre o aborto no país; defender legalmente as mulheres que foram condenadas ou estão sendo acusadas por abortos, emergências obstétricas ou crimes relacionados; e divulgar na sociedade a necessidade de que as mulheres recebam assistência adequada para garantir sua saúde sexual e reprodutiva, de modo que não sejam obrigadas a recorrer a abortos inseguros que colocam suas vidas em risco.
Em El Salvador, desde 1998, existe uma legislação restritiva que penaliza o aborto em todos os casos, inclusive quando a vida e a saúde da gestante estão em risco. As mulheres que sofrem uma emergência de saúde durante a gravidez são criminalizadas e, pela presunção de culpa, enfrentam processos judiciais injustos que podem levá-las a cumprir até 40 anos de prisão. Essa lei afeta principalmente mulheres que vivem em situação de pobreza. A investigação “Do Hospital à Cárcere” registrou 181 casos judicializados entre 1998 e 2019. Atualmente, o número de casos judicializados aumentou para 196.
Desde 2009, a “Agrupación Ciudadana” pela Despenalização do Aborto em El Salvador tem liderado a defesa das mulheres criminalizadas devido à legislação salvadorenha. Até o momento, 73 mulheres recuperaram sua liberdade e se reuniram com suas famílias após décadas de privação de liberdade.
Proposta da ACPP Galícia (Assembleia de Cooperação pela Paz)
UNRWA
Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina – UNRWA, há sete décadas trabalha atendendo a população refugiada palestina, tem recebido nos últimos anos os golpes mais duros de Israel, especialmente durante sua última ofensiva contra Gaza, iniciada em outubro de 2023, que devastou a Faixa de Gaza e causou mais de 45 mil mortes. Israel acusou falsamente a agência de terrorismo, impediu a entrada de ajuda humanitária e perseguiu, atacou e matou muitos de seus voluntários.
Apesar do horror, a UNRWA e seu pessoal não abandonaram a população de Gaza. Nesse e em outros territórios palestinos, a sobrevivência depende há décadas dessa agência, que tem se encarregado de fornecer alimentos, educação e assistência médica a milhões de pessoas refugiadas. Escolas, clínicas, centros para mulheres e pessoas com deficiência, manutenção de infraestruturas e campos de refugiados são uma realidade graças à UNRWA.
Proposta de uma associada particular de Acampa, Paz Vázquez, e da Vangarda Obreira
YULI VELÁSQUEZ
Defensora medioambiental colombiana
Engenheira ambiental, Yuli Velásquez é uma líder colombiana apaixonada pelo trabalho comunitário, pela defesa do meio ambiente e pelas cicatrizes da guerra. Por meio da organização que preside, a “FEDEPESAN”, ela luta contra o roubo de água praticado por empresas como a “Ecopetrol”, proprietária da refinaria de “Barrancabermeja”, nessa região da Colômbia, bem como contra a corrupção detectada no uso de recursos públicos que deveriam ser destinados à recuperação do pântano de San Silvestre. Sua luta também se dirige contra o governo colombiano pelos planos piloto de ‘fracking’, para a extração de petróleo que estão sendo implementados, uma prática proibida em vários países devido ao dano irremediável que causa às águas subterrâneas, essenciais para a vida nesses ecossistemas.
Apesar de ter sofrido um atentado devido à sua atividade ambiental, Velásquez continua defendendo os pescadores e pescadoras que utilizam as águas do principal município petrolífero da Colômbia, enfrentando a exploração das indústrias extrativistas. Por seu trabalho, Yuli Velásquez já recebeu o Prêmio de Direitos Humanos 2024 da Anistia Internacional Alemanha. Ao receber o prêmio, ela o dedicou: “aos pescadores e pescadoras que foram assassinados e jogados no rio enquanto os culpados permanecem impunes. Dedicamos este prêmio às viúvas e órfãos, aos guardiões e guardiãs dos rios, dos pântanos e dos canais.”
Proposta de Poten100mos
LULA DA SILVA
Presidente do Brasil
Nascido em 1945, Luiz Inácio Lula da Silva é o sétimo de oito irmãos. Aos 12 anos, conseguiu seu primeiro emprego em uma tinturaria. O atual presidente do Brasil foi engraxate e office-boy. Aos 14 anos, começou a trabalhar em uma fábrica de parafusos, onde se formou como metalúrgico. Em 1975, foi eleito presidente do sindicato dos metalúrgicos, que representava 100 mil trabalhadores do setor, com 92% dos votos. Apesar da repressão da ditadura e da proibição de greves, Lula da Silva conseguiu que 170 mil operários metalúrgicos paralisassem suas atividades.
Em 1980, fundou o Partido dos Trabalhadores – PT, sendo preso diversas vezes. Em outubro de 2002, aos 57 anos, Lula da Silva foi eleito pela primeira vez Presidente da República Federativa do Brasil, com quase 53 milhões de votos. Em seu primeiro mandato, colocou ordem no Brasil e preparou o país para o crescimento econômico, com avanços sociais importantes e melhorias significativas na distribuição de renda, principalmente graças à política de aumento do salário mínimo, à criação recorde de empregos e a programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família.
Em 29 de outubro de 2006, foi reeleito Presidente da República com mais de 58 milhões de votos, a maior votação da história do Brasil na época. Em 2007, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD começou a incluir o Brasil na lista de nações com alto Índice de Desenvolvimento Humano – IDH. Sob sua liderança, o Brasil conseguiu suavizar os efeitos da crise de 2008 no mundo, com a redução das taxas de juros e dos impostos; incentivos ao consumo; concessão de crédito; uma política de recuperação do salário mínimo; e mais investimentos em programas sociais e infraestrutura, saindo fortalecido.
Foi sucedido por Dilma Rousseff, enquanto ele se dedicava a organizar o “Instituto Lula” e a difundir suas experiências. Em 2014, a chamada Operação Lava Jato iniciou uma perseguição política, jurídica e midiática contra ele, e em 2017 conseguiram condená-lo, ao mesmo tempo em que aprovaram um impeachment contra sua sucessora, fazendo com que o PT perdesse a presidência. Em 2018, com uma ordem de prisão contra ele, Lula se entregou e permaneceu preso por 580 dias. Finalmente, a sentença foi anulada, e em 2021 ele recuperou seus direitos políticos, conseguindo, no final de 2022, seu terceiro mandato presidencial, com 60 milhões de votos, derrotando o ultradireitista Jair Bolsonaro.
Combater a fome, a pobreza, defender o direito à educação pública de qualidade para todos/as e a igualdade sempre foram os eixos centrais de suas políticas. O primeiro presidente do Brasil sem título universitário foi o que mais criou universidades públicas na história do país e o que recebeu mais títulos honoris causa das universidades mais destacadas do mundo.
Por proposta da coordenadora de Acampa Brasil, Célia Regina Rossi
BISAN OWDA
Cineasta e jornalista palestina
Bisan Owda é uma jovem cineasta e jornalista palestina, muito conhecida por seus vídeos nas redes sociais e uma das vozes que transmitiram ao vivo o genocídio do qual sua terra, Gaza, estava sendo alvo. Durante os últimos dois anos, Bisan Owda documentou o dia a dia desse horror, correndo um risco extremamente alto, assim como cada um dos colegas jornalistas e fotógrafos palestinos que, de dentro de Gaza, foram os olhos e ouvidos do mundo. Graças a eles/as, a imunidade que parece proteger o Estado de Israel foi um pouco abalada. Graças ao que Owda e seus colegas obrigaram o mundo a ver, a comunidade internacional não pôde desviar o olhar, e o Tribunal Penal Internacional acabou emitindo uma ordem de prisão contra Netanyahu por crimes de guerra e crimes contra a humanidade, acusando-o de extermínio, uso da fome como arma de guerra, negação de ajuda humanitária e ataques deliberados a civis.
Proposta da Associação Alexandre Bóveda
FRANCESCA ALBANESE
Relatora Especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados
Desde maio de 2022, Francesca Albanese é a Relatora Especial da ONU para os territórios palestinos ocupados. Advogada e acadêmica internacional italiana, especialista em direitos humanos e migrações, ela foi a primeira mulher a ocupar esse cargo e uma voz incansável ao denunciar, perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, as graves violações sofridas pelo povo palestino nas mãos de Israel.
Firme opositora da ocupação israelense, ela recomendou em seu primeiro relatório que os Estados-membros da ONU desenvolvessem um plano para pôr fim à ocupação colonial israelense e ao regime de apartheid. Após a última invasão de Gaza, em outubro de 2023, ela pediu um cessar-fogo imediato e alertou que os palestinos na Faixa de Gaza corriam o risco de uma limpeza étnica em massa. Em 26 de março de 2024, enquanto a comunidade internacional mantinha sua postura hesitante em relação ao conflito, Albanese informou ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que as ações de Israel em Gaza equivaliam a um genocídio.
Proposta da UdCxPalestina
ICAN
Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares
A ICAN é uma coalizão internacional de organizações não governamentais que trabalha na mobilização da sociedade civil global para alcançar a proibição do uso e a eliminação das armas nucleares. Ela é composta por mais de 600 organizações associadas. Em 2017, recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho em tornar visíveis as consequências humanitárias catastróficas de qualquer uso de armas nucleares e por seus esforços pioneiros para alcançar a proibição dessas armas em um tratado internacional.
Ainda ecoam as palavras de Setsuko Thurlow, a menina que fugia nua sob as bombas em Hiroshima, pronunciadas no discurso de aceitação do Prêmio Nobel: “Quando eu era uma menina de 13 anos, presa entre os escombros fumegantes, continuei avançando em direção à luz e sobrevivi. Nossa luz agora é o tratado de proibição. A todos nesta sala e a todos que estão ouvindo em todo o mundo, repito as palavras que ouvi quando me chamavam nos escombros de Hiroshima: ‘Não desista! Continue avançando! Você vê a luz? Rasteje em direção a ela.”
Por proposta de Mundo Sem Guerras e Sem Violência